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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Emicida: ainda existem músicos de verdade...

No VMB (Vídeo Music Brasil) desse ano, realizado pela MTV ontem (20/09/2012), o cantor Emicida recebeu o prêmio de "melhor música do ano", pela música "Dedo na Ferida", que trata do violento processo de desapropriação de moradias devido à especulação imobiliária, ocorrida no início do ano, em São Paulo.
Ao receber o prêmio, ao invés de comemorar, o cantor lançou um belo discurso:



Ainda durante o VMB, Emicida também cantou a música pela qual foi premiado:


"Dedo na Ferida" (Emicida)

(pimenta nos zóio dos políticos)
Foda-se vocês, foda-se suas leis!
(a fúria negra ressuscita outra vez)
Foda-se vocês, foda-se suas leis!
(anota meu recado)
Foda-se vocês, foda-se suas leis!
(primeiro eu quero que se foda)
Renan samam, emicida, o rap ainda é o dedo na ferida

Vi condomínios rasgarem mananciais
A mando de quem fala de deus e age como satanás.
(uma lei) quem pode menos, chora mais,
Corre do gás, luta, morre, enquanto o sangue escorre
É nosso sangue nobre, que a pele cobre,
Tamo no corre, dias melhores, sem lobby.
Hei, pequenina, não chore.
Tv cancerigena,
Aplaude prédio em cemitério indígena.
Auschwitz ou gueto? índio ou preto?
Mesmo jeito, extermínio,
Reportagem de um tempo mau, tipo plínio.
Alphaville foi invasão, incrimine-os
Grito como fuzis, uzis, por brasis
Que vem de baixo, igual machado de assis.
Ainda vivemos como nossos pais elis
Quanto vale uma vida humana, me diz?

Foda-se vocês, foda-se suas leis!
(a furia negra ressuscita outra vez)
Foda-se vocês, foda-se suas leis!
(anota meu recado)
Foda-se vocês, foda-se suas leis!
(primeiro eu quero que se foda)
Renan samam, emicida, o rap ainda é o dedo na ferida...

É só um pensamento, bote no orçamento
Nosso sofrimento, mortes e lamentos,
Forte esquecimento de gente em nosso tempo
Visto como lixo, soterrado nos desabamento
Em favela, disse marighella. elo
Contra porcos em castelo
O povo tem que cobrar com os parabelo
Porque a justiça deles, só vai em cima de quem usa chinelo
E é vítima, agressão de farda é legítima.
Barracos no chão, enquanto chove.
Meus heróis também morreram de overdose,
De violência, sob coturnos de quem dita decência.
Homens de farda são maus, era do caos,
Frios como halls, engatilha e plau!
Carniceiros ganham prêmios,
Na terra onde bebês, respiram gás lacrimogênio.

Foda-se vocês, foda-se suas leis!
(a fúria negra ressuscita outra vez)
Foda-se vocês, foda-se suas leis!
(anota meu recado otario)
Foda-se vocês, foda-se suas leis!
(primeiro eu quero que se foda, depois eu quero que se dane)
Renan samam, emicida, o rap ainda é o dedo na ferida.



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